terça-feira, 8 de julho de 2008
Speed Dating científico
É uma experiência inédita. Este ano, quem visitar o recinto do Optimus Alive!08, que decorre entre 10 e 12 deste mês, no Passeio Marítimo de Algés, vai poder assistir ao concerto de Bob Dylan enquanto se refresca com um gelado de… azoto líquido. Feito e congelado no momento. E se as guitarras estridentes de Tom Morello, dos Rage Against the Machine, permitirem, poderá ainda ouvir as explicações dos investigadores àquelas dúvidas da ciência que não o deixam dormir. Ou desvendar quem são os cientistas que trabalham em Portugal: acredite, nem todos são despenteados.
Este é o resultado de uma parceria entre o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), que levará ao passeio marítimo de Algés dez cientistas que prometem aproximar os festivaleiros da ciência. “A ideia passa muito por desmistificar a figura do cientista, ainda hoje muito visto como um ser à parte. Se pedirmos para uma criança desenhar um, sai um Einstein”, explica Ana Godinho, uma das impulsionadoras da parceria, e responsável pela comunicação científica do IGC. “Ainda existe muito aquela ideia romântica saída do cinema do cientista maluco.”
Desiludam-se, porém, os festivaleiros mais românticos e conquistadores.
Embora se chame “speed-dating” não vai haver casalinhos a transpirar por todos os poros. O ponto de partida para a conversa está reservado à ciência que, como se sabe, pouco resulta nos amores.
Gastronomia molecular
Mónica Bettencourt Dias, 35 anos, é chefe de laboratório no IGC. No dia em que as portas do recinto do festival abrirem, será uma das cientistas à espera dos roqueiros mais curiosos. Fomos descobri-la em pleno laboratório, onde realizava algumas experiências com moscas. “Através destes pequenos insectos podemos perceber coisas tão típicas dos humanos como a obesidade, ou o consumo de cocaína”, explica a investigadora que se dedica ao estudo da multiplicação de células.
No espaço reservado ao IGC, em frente ao rio, e decorado com todo o tipo de elementos de laboratório, cada visitante poderá conversar durante breves minutos com os investigadores e esclarecer as suas inquietações mais prementes relativas à ciência. “Vai variar muito de pessoa para pessoa”, explica Ana Godinho, coordenadora da Comunicação do IGC. Seja como for, a tónica dos encontros é a descontracção. “Vamos falar de coisas do dia-a-dia que escondem uma explicação científica, como os traços físicos através da genética”, adianta a coordenadora, doutorada em Desenvolvimento do Sistema Nervoso.
Uma das actividades mais curiosas é a “Cooking Lab”, uma espécie de “associação entre ciência e arte da culinária”. “Vamos mostrar como se cozinha com compostos que não são usados na culinária tradicional”, conta Ana Godinho.
Porque “a diferença não é um direito, é facto”, os investigadores vão procurar, entre outras coisas, explicar os mecanismos da diversidade, onde está, afinal, a raiz do ser humano. Daí que, além de uma contribuição de 50 cêntimos por cada bilhete vendido para o festival, a parceria entre o IGC e a EIN contempla ainda a atribuição de uma bolsa de estudo na área da biodiversidade, que visa apoiar um projecto de investigação científica de recém-licenciados, com a duração de um ano, numa instituição estrangeira. As candidaturas estão abertas até 15 de Setembro.
André Rito
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