Esta entrevista foi publicada na edição de 25 de Outubro de 2006 do jornal METRO, no dia em que o australiano tocou na Aula Magna
“Como podia não ser uma pessoa feliz?” A resposta é imediata e justificada logo a seguir: “Faço uma coisa extraordinária e tenho uma família linda.” Do outro lado do mundo, Xavier Rudd regressa hoje a Portugal. Depois das actuações no Santiago Alquimista, em Lisboa, e no Sagres Surf Festival, no Algarve, durante o Verão, o músico australiano encerra hoje a tournée europeia no palco da Aula Magna, em Lisboa.
Quem já viu Xavier Rudd sabe que tem tanto de explosivo como de sereno. A ternura do olhar envolve-nos numa viagem às raízes. À sua voz, junta os sons orgânicos dos instrumentos que o acompanham. São muitos. Mais de dez com certeza e todos tocados por ele.
“Fico surpreendido! Nunca pensei ter tanta coisa em palco. Ao longo do tempo, fui juntando os instrumentos, porque sempre me imaginei a tocá-los todos, a tentar fazer coisas novas”, conta ao METRO, confessando que às vezes até tem vontade de rir quando olha bem para o arsenal que o rodeia.
No palco, saltam à vista os três didgeridoos ou yirdaki (nome original) — instrumento milenar de sopro dos aborígenes australianos, em que o som é provocado pela vibracão do ar. Mas atrás de si há algo com tanto ou mais significado. A bandeira, com duas listas, uma preta e outra vermelha, e um círculo amarelo ao centro simboliza as raízes da cultura australiana, que Rudd tanto exalta.
“O povo aborígene anda a tomar conta das suas terras há milhares de anos. Há uma falta de respeito e de compreensão. É pena porque esta cultura está a morrer. As crianças estão a ser afastadas dela, o que é terrível. E não consigo entender porquê”, desabafa o músico, que confessa estar a fazer tudo para que os seus filhos também cresçam com a cultura dos aborígenes.
O elogio da Natureza
Para a Aula Magna, Xavier Rudd leva o último trabalho, “Food in the Belly”. Mas é certo que muitos temas de “To Let” (2002) ou “Solace” (2005) vão encher hoje a sala. “Vou ter instrumentos diferentes comigo”, desvenda.
E quem for ao concerto vai ouvir o “one man band” a tocar “música de raízes, orgânica” ou simplesmente “música do mundo”, como Rudd também lhe gosta de chamar.
Nas palavras, este surfista traz mensagens de paz e harmonia, nas quais a Mãe Natureza tem um dos papéis principais. “As letras das canções resultam do que sinto na minha viagem de vida”, explica o músico que começou a cantar para o mundo há sete anos, no Canadá, onde tem a sua segunda casa e onde este ano terminará a digressão mundial.
Lisboa é a última paragem antes da viagem para a América do Norte. De Portugal, Xavier Rudd guarda experiências de “muita energia e bom espírito”. “É um país muito bonito, com pessoas muito bonitas”, partilha.
Mary Caiado
Xavier Rudd actua no sábado 12 de Julho, às 18h10, no Palco Optimus
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